Não existia nada melhor que matar aula pra ficar a manhã inteira juntinhos no colchão..
Todo mundo já sabia, quando um faltava, o outro também faltava.. e todos sabiam, era felicidade, era amor.
Mas naquela manhã, tudo parecia mais intenso
O amor estava exalando pelos nossos poros.. assim como o medo.
Acho que o desespero torna tudo mais intenso, e naquela manhã o desespero enchia nossos olhos, nossos corpos, nosso coração.
Tudo que eu queria, era que ninguém mais no mundo existisse
Tudo o que ele queria, era que pra mim, ninguém existisse...
Mas mesmo sem falar, mesmo tentando evitar.. nós dois sabíamos
Existia outra pessoa.
E passamos o dia juntos, sem dizer uma palavra... mas a angústia gritava
E quanto mais a noite se aproximava, mais doía, era como uma prévia do fim.
E sim, aquela noite foi o inicio do fim.
Longe do meu amor, olhando outros olhos, bem menos intensos..
Mas, tomada por um sentimento ainda desconhecido..
Algo como admiração pela forma que aquele garoto estranho fumava, ou talvez a voz macia com que desenhava a vida que eu desejava ter, fingindo que sabia ler quem eu queria ser..
Tomada por um forte impulso, coisa que alguns chamariam de paixão... beijei aqueles lábios finos e com gosto de matte e cigarro, e pareceu certo.
Perdi minha lucidez, esqueci todo meu amor durante 30 minutos
Apenas eu, o garoto estranho e a meia luz do pátio do cursinho
"menina, você linda... te escrevi um poema"
Como uma garotinha de 12 anos, me deixei levar por um poema de um garoto estranho.
E o meu amor?
Estava no dia seguinte, no portão do colégio, com o sorriso mais fofo e o olhar mais sincero, que nunca precisaria de palavra nenhuma pra me convencer que era real..
E no meu coração o peso de uma duvida, e nos meus lábios presa uma confissão.
Não! Guardei aquele beijo, e sorri.
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